Monitoração da Pressão Arterial Invasiva

A unidade de terapia intensiva é um local destinado ao tratamento de pacientes graves que devem ser monitorados por equipe especializada e de maneira constante.  Quando a condição a condição hemodinâmica do paciente se agrava, há necessidade de se monitorar de maneira precisa e fidedigna em tempo real, isso ocorre através de procedimentos invasivos.

      A monitoração da pressão arterial invasiva, consiste em um método invasivo para verificação da pressão arterial indicado, de forma contínua em pacientes graves nos casos de choque, crise hipertensiva, parada cardíaca, infusão contínua de droga vasoativa, procedimentos cirúrgicos de grande porte, trauma neurológico ou politrauma e insuficiência respiratória grave. Além de proporcionar múltiplas coletas de gasometria arterial e lactato.

     Os locais de inserção do cateter podem ser nas artérias radial, braquial, axilar, femural ou dorsal do pé, sendo a artéria radial de primeira escolha (Fig. 1).

Figura 1 – Locais para punção arterial

Através da monitoração da pressão arterial invasiva (PAI), obtemos a pressão arterial média (PAM), é um dos parâmetros mais importantes para a avaliação do estado hemodinâmico do paciente crítico. A PAM normal é de 70 a 105 mmHg.

     Já nos casos menos graves, pode ser monitorizada de forma intermitente e não invasiva. Em casos de instabilidade hemodinâmica, a monitorização contínua da pressão intra-arterial é o método mais confiável e permite uma rápida intervenção terapêutica.

Quando se seleciona o local de punção, a circulação colateral deve ser confirmada antes de inserir o cateter, em se tratando da artéria radial, é importante fazer o teste de Allen.

     O teste de Allen consiste na compressão simultânea das artérias radial e ulnar, após solicitar que o paciente abra e feche a mão, a pressão é liberada em uma das artérias e a mão volta a sua coloração normal em segundos (Fig. 2 e 3).

Figura 3 – retorno da circulação

Para o monitoramento da PAI, é necessário um cateter oco (Jelco), um sistema de monitoração preenchido com solução salina, equipo com câmera de gotejamento, equipo não complacente, torneiras, dispositivo de lavagem, transdutores e um monitor que amplifica e demonstra as pressões e as formas de onda ( Fig.4).

Figura 4 – Sistema de monitoramento da PAI

Materiais necessários para monitoração da PAI

  • Equipamentos de Proteção Individual – EPI – (avental e luvas esterilizados, máscara cirúrgica, gorro e óculos de proteção);
  • Escova esterilizada, de cerdas macias, descartável e embebida com solução antisséptica degermante ;
  • Materiais para antissepsia (bandeja, gazes e pinça esterilizadas; clorexidine alcoólica 0,5%) ;
  • Cateter para punção periférica – 20 Gauge;
  • Kit de transdutor de pressão arterial completo ( Fig. 5);
  • Bolsa pressórica ( Fig. 6) ;
  • Soro fisiológico 0,9% (250 mL) ;
  • Heparina sódica 50000 UI/mL, somente se prescrito pelo médico;
  • Coxim ;
  • Régua niveladora ( Fig. 7);
  • Suporte de soro ;
  • Monitor  com módulo e cabo para a monitorização de pressão arterial invasiva ( Fig.8);
  • Suporte para domo, local onde o diafragma do equipo transdutor de pressão é posicionado ( Fig.9);
  • Fita hipoalergênica com boa adesividade.
Figura 5 – Kit transdutor de pressão
Figura 6 – Bolsa pressurizadora
Figura 7 – Régua de nível
Figura 8 – Monitor
Figura 9 – Suporte para domo

Montagem do sistema de PAI

  • Montar o circuito extra arterial da PAI;
  • Conectar o sistema do transdutor no frasco de SF 0,9% e remover o ar do circuito (Se for prescrito pelo médico, acrescentar 0,25 mL de heparina no frasco);
  • Envolver a bolsa pressórica no frasco de SF 0,9% e insuflar até 300 mmHg;
  • Acoplar a placa de domo em suporte de soro;
  • Ajustar o diafragma do transdutor na placa do domo (lado do cliente para cima e o cabo do transdutor para baixo);
  • Conectar o cabo do transdutor no cabo do monitor.

Zerando o sistema de PAI

  • Após a passagem do cateter, conectar o cateter ao equipo do transdutor;
  • Observar a presença de curva pressórica registrada no monitor;
  • Nivelar o diafragma do transdutor no 5º espaço intercostal e na altura da linha axilar média, utilizando a régua niveladora, garantindo uma medida acurada;
  • Calibrar (zerar) o sistema, fechando three ways ( torneira) distal em direção para o cliente e abrir para o ambiente, acionar o dispositivo de calibragem do monitor, conforme instruções do equipamento;
  • Após calibração, liberar transdutor para o cliente e fechar para ambiente;
  • Ativar os alarmes;
  • Realizar o flush test (teste de resposta da onda) com a solução salina do próprio circuito, acionando o dispositivo de fluxo rápido;
  • Identificar o sistema do transdutor à caneta com fita crepe, registrando a data, o horário e a assinatura do profissional.

Cuidados de Enfermagem na monitoração da PAI

  • Deve-se verificar as características do traçado. Traçado normal: caracterizado por uma rápida ascensão da curva atingindo um platô com o mesmo valor colocado no pressurizador. Quando o fluxo é interrompido, a curva cai abaixo da linha de base, oscila por pequeno período e estabiliza. Indica que não há erros técnicos.Traçado amortecido: caracterizado por uma ascensão e queda mais lenta com um platô de bordas arredondas. Pode indicar: bolhas no sistema, vazamento, uso de cateter finos, obstrução do cateter, falha na calibração do monitor.  Traçado subamortecido: caracterizado por ascensão e queda normais, porém, se a infusão for interrompida, as oscilações obtidas se sustentam por um longo período ou não desaparecem. Pode indicar objetos móveis em contato com as extensões ou os transdutores; calibragem incorreta e uso de extensões não padronizadas.
  • Manter o frasco de SF 0,9% na bolsa com pressurização de 300 mmHg;
  • Manter nivelado o diafragma do transdutor na altura do 5º espaço intercostal e linha axilar média, sempre após mudanças no ângulo da cabeceira do paciente;
  • Realizar a calibragem do sistema sempre após transportes ou dúvidas quanto ao valor fidedigno da pressão arterial;
  • Trocar e rotular o frasco de SF 0,9% (250 mL) a cada 24 horas;
  • Realizar flush com solução salina do próprio circuito, sempre após coleta de sangue, suspeitas de oclusão/ obstrução e calibração;
  • Realizar o curativo do sítio de inserção do cateter e observar aspecto e presença de sinais flogísticos;
  • Realizar a coleta de amostra de sangue arterial pela PAI;
  • Observar sítio de inserção do cateter quanto a presença de sangramentos, especialmente em clientes portadores de coagulopatia;
  • Monitorar a temperatura, a sensibilidade, a perfusão, a coloração e a mobilidade no membro com o cateter arterial a cada 6 horas e registrar qualquer alteração;
  • Monitorar as medidas pressóricas (sistólica, média e diastólica), registrar a cada intervalo prescrito e comunicar qualquer alteração.

Referências

KNOBEL, E. Terapia intensiva: enfermagem. São Paulo: Atheneu, 2006. 636p.
POTTER, Patrícia A; PERRY, Anne Griffin. Fundamentos de enfermagem. 8 ed. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2013.
PRADO, M.L.; GELBCKE, F.L. Fundamentos para o cuidado profissional de enfermagem. Florianópolis: Cidade Futura, 2013.
Enfermagem em terapia intensiva: práticas integrativas. — Barueri, SP: Manole, 2017.

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